As lesões nos tendões, ou tendinopatias, são um dos tipos de lesões mais comuns encontradas entre aqueles que praticam desporto, chegando a ser contabilizado como aproximadamente 50% das lesões desportivas (Abat et al., 2017, p. 1). Sendo uma lesão com uma grande magnitude e prevalência, é importante que seja abordada de uma forma correcta, sob o risco de atrasar a recuperação do atleta. Um dos aspectos pouco esclarecidos é o aspecto fisiológico da lesão ao qual dá uma componente maior degenerativa do que inflamatória na sua génese (Abat et al., 2017, p. 1).
De forma geral, o termo tendinopatia refere-se a uma patologia que afecta o tendão, com sintomas dolorosos e edema. A tendinite reflecte as lesões agudas do tendão que são caracteristicamente inflamatórias com a presença de células e proteínas inflamatórias. Por outro lado, a tendinose, que por exemplo é mais comum encontrar-se no tendão de Aquiles, sugere uma lesão crônica com lesão do tendão a um nível celular.
A tendinopatia é caracterizada por dor prolongada e é maioritariamente relacionada com a actividade física. Não existe uma origem única para as queixas mas sim várias, já que no mesmo tendão lesionado podem ser encontradas: tendinose, paratendinite, calcificações ou rupturas parciais (Abat et al., 2017, p. 1). Isto faz com que seja uma lesão que deve ser abordada de uma forma consciente e não tão linear como se se tratasse de um processo inflamatório simples.
Quando se trata de diagnosticar estas lesões, o exame de imagiologia de excelência é o ultra-som e segundo especialistas, deveria ser obrigatório. A técnica de diagnóstico por ultra-som demonstra uma maior acuidade na avaliação desta patologia (Abat et al., 2017, p. 1). Normalmente são encontradas alterações intra e peritendinosas com desorganização do colagénio e o tendão encontra-se espesso e com diferentes graus de hiperecogenicidade (Abat et al., 2017, p. 3).
As zonas mais afectadas pelas tendinopatias no membro inferior envolvem o tendão de Aquiles e os tendões rotulianos. A tendinopatia mais frequente nos membros superiores são a epicondilite no cotovelo e a entesopatia do curto extensor radial do carpo no punho (Abat et al., 2017, p. 1).
Esta é uma lesão relacionada com excesso de actividade e carga repetida e existem grupos etários com mais predisposição a sofrerem lesões. Lesões de excesso de uso, incluindo tendinopatias, encontram-se com maior frequência nas populações atléticas com maior idade, comparativamente a grupos mais jovens. É a partir da terceira década para a frente que a função celular declina e os tendões sujeitos a alterações degenerativas maiores, fazendo com que o tendão envelhecido fique mais fraco e sujeito a entrar em falência (Abat et al., 2017, p. 3).
Outros factores podem predispor os tendões a lesões nomeadamente factores intrínsecos como: desequilíbrios de força, desalinhamento postural, forma do pé, mobilidade do tornozelo e um défice na força ou flexibilidade dos membros inferiores. Como factores externos temos: as superfícies de treino impróprias, equipamento inapropriado, cargas excessivas, treinos de alta intensidade ou com muita repetição (Abat et al., 2017, p. 3).
Para o tratamento de tendinopatias, os exercícios (como tratamento conservador) mais recomendados são os excêntricos. Estes são exercícios caracterizados pela contracção muscular enquanto o músculo é alongado ao longo do movimento. Este tipo de exercícios é recomendado á já algum tempo e mostra bons resultados quando aplicados a ambas tendinopatias crônicas do tendão de Aquiles e rotuliano (Abat et al., 2017, p. 6). Contudo, existe falta de evidência que confirme terem resultados positivos claros nas tendinopatias do ombro e cotovelo.
Os exercícios são especialmente importantes e benéficos para a matriz estrutural do tendão, propriedades do músculo e biomecânica. E deverão não só, ter como objectivo a força e os sintomas mas também serem usados de forma funcional e adaptados à actividade ou desporto.
O treino de força é um modulador poderoso do sistema nervoso central e deve ser correctamente planeado e de acordo com as competências físicas do paciente. Este tipo de treino mostra que não só reduz a dor no tendão, mas modula o controlo excitatório e inibitório do músculo, potenciando a carga no tendão (Rio et al., 2016, p. 1).
Por isto é importante incorporar no tratamento conservador protocolos que envolvam o treino de força porque têm o melhor estímulo para músculos (Rio et al., 2016, p. 4). O treino isométrico devolve uma maior analgesia (Rio et al., 2016, p. 5) e as contracções excêntricas uma melhor recuperação, estimulando as adaptações fisiológicas do músculo e tendão necessárias á reparação tecidular e adaptação à actividade desportiva (Rio et al., 2016, p. 6).
Finalizando, juntamente a um bom protocolo que envolva o treino de força com os exercícios mais adequados, também a reabilitação actual do tendão deverá adequar o treino do controlo cortico-neuromuscular, caso contrário poderá resultar num controlo alterado do recrutamento muscular e como consequência a carga do tendão, contribuindo para a recorrência dos sintomas (Rio et al., 2016, p. 1). Isto explica a importância do tratamento ser feito de forma funcional e integrada nas actividades sejam desportivas ou do dia-a-dia do individuo.
Rodrigo J. C. Estiveira
Bibliografia
Abat, F., Alfredson, H., Cucchiarini, M., Madry, H., Marmotti, A., Mouton, C., . . . de Girolamo, L. (2017). Current trends in tendinopathy: consensus of the ESSKA basic science committee. Part I: biology, biomechanics, anatomy and an exercise-based approach. J Exp Orthop, 4(1), 18.
Rio, E., Kidgell, D., Moseley, G. L., Gaida, J., Docking, S., Purdam, C., & Cook, J. (2016). Tendon neuroplastic training: changing the way we think about tendon rehabilitation: a narrative review. Br J Sports Med, 50(4), 209-215.
De forma geral, o termo tendinopatia refere-se a uma patologia que afecta o tendão, com sintomas dolorosos e edema. A tendinite reflecte as lesões agudas do tendão que são caracteristicamente inflamatórias com a presença de células e proteínas inflamatórias. Por outro lado, a tendinose, que por exemplo é mais comum encontrar-se no tendão de Aquiles, sugere uma lesão crônica com lesão do tendão a um nível celular.
A tendinopatia é caracterizada por dor prolongada e é maioritariamente relacionada com a actividade física. Não existe uma origem única para as queixas mas sim várias, já que no mesmo tendão lesionado podem ser encontradas: tendinose, paratendinite, calcificações ou rupturas parciais (Abat et al., 2017, p. 1). Isto faz com que seja uma lesão que deve ser abordada de uma forma consciente e não tão linear como se se tratasse de um processo inflamatório simples.
Quando se trata de diagnosticar estas lesões, o exame de imagiologia de excelência é o ultra-som e segundo especialistas, deveria ser obrigatório. A técnica de diagnóstico por ultra-som demonstra uma maior acuidade na avaliação desta patologia (Abat et al., 2017, p. 1). Normalmente são encontradas alterações intra e peritendinosas com desorganização do colagénio e o tendão encontra-se espesso e com diferentes graus de hiperecogenicidade (Abat et al., 2017, p. 3).
As zonas mais afectadas pelas tendinopatias no membro inferior envolvem o tendão de Aquiles e os tendões rotulianos. A tendinopatia mais frequente nos membros superiores são a epicondilite no cotovelo e a entesopatia do curto extensor radial do carpo no punho (Abat et al., 2017, p. 1).
Esta é uma lesão relacionada com excesso de actividade e carga repetida e existem grupos etários com mais predisposição a sofrerem lesões. Lesões de excesso de uso, incluindo tendinopatias, encontram-se com maior frequência nas populações atléticas com maior idade, comparativamente a grupos mais jovens. É a partir da terceira década para a frente que a função celular declina e os tendões sujeitos a alterações degenerativas maiores, fazendo com que o tendão envelhecido fique mais fraco e sujeito a entrar em falência (Abat et al., 2017, p. 3).
Outros factores podem predispor os tendões a lesões nomeadamente factores intrínsecos como: desequilíbrios de força, desalinhamento postural, forma do pé, mobilidade do tornozelo e um défice na força ou flexibilidade dos membros inferiores. Como factores externos temos: as superfícies de treino impróprias, equipamento inapropriado, cargas excessivas, treinos de alta intensidade ou com muita repetição (Abat et al., 2017, p. 3).
Para o tratamento de tendinopatias, os exercícios (como tratamento conservador) mais recomendados são os excêntricos. Estes são exercícios caracterizados pela contracção muscular enquanto o músculo é alongado ao longo do movimento. Este tipo de exercícios é recomendado á já algum tempo e mostra bons resultados quando aplicados a ambas tendinopatias crônicas do tendão de Aquiles e rotuliano (Abat et al., 2017, p. 6). Contudo, existe falta de evidência que confirme terem resultados positivos claros nas tendinopatias do ombro e cotovelo.
Os exercícios são especialmente importantes e benéficos para a matriz estrutural do tendão, propriedades do músculo e biomecânica. E deverão não só, ter como objectivo a força e os sintomas mas também serem usados de forma funcional e adaptados à actividade ou desporto.
O treino de força é um modulador poderoso do sistema nervoso central e deve ser correctamente planeado e de acordo com as competências físicas do paciente. Este tipo de treino mostra que não só reduz a dor no tendão, mas modula o controlo excitatório e inibitório do músculo, potenciando a carga no tendão (Rio et al., 2016, p. 1).
Por isto é importante incorporar no tratamento conservador protocolos que envolvam o treino de força porque têm o melhor estímulo para músculos (Rio et al., 2016, p. 4). O treino isométrico devolve uma maior analgesia (Rio et al., 2016, p. 5) e as contracções excêntricas uma melhor recuperação, estimulando as adaptações fisiológicas do músculo e tendão necessárias á reparação tecidular e adaptação à actividade desportiva (Rio et al., 2016, p. 6).
Finalizando, juntamente a um bom protocolo que envolva o treino de força com os exercícios mais adequados, também a reabilitação actual do tendão deverá adequar o treino do controlo cortico-neuromuscular, caso contrário poderá resultar num controlo alterado do recrutamento muscular e como consequência a carga do tendão, contribuindo para a recorrência dos sintomas (Rio et al., 2016, p. 1). Isto explica a importância do tratamento ser feito de forma funcional e integrada nas actividades sejam desportivas ou do dia-a-dia do individuo.
Rodrigo J. C. Estiveira
Bibliografia
Abat, F., Alfredson, H., Cucchiarini, M., Madry, H., Marmotti, A., Mouton, C., . . . de Girolamo, L. (2017). Current trends in tendinopathy: consensus of the ESSKA basic science committee. Part I: biology, biomechanics, anatomy and an exercise-based approach. J Exp Orthop, 4(1), 18.
Rio, E., Kidgell, D., Moseley, G. L., Gaida, J., Docking, S., Purdam, C., & Cook, J. (2016). Tendon neuroplastic training: changing the way we think about tendon rehabilitation: a narrative review. Br J Sports Med, 50(4), 209-215.